O sono é essencial nas funções regulatórias do organismo, é fundamental para saúde mental e emocional. Alterações no padrão de sono interferem negativamente na integridade das nossas funções diárias.
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio provocado por frequentes episódios, repetidos e temporários, de interrupção da respiração enquanto a pessoa dorme. Pessoas que tem apneia apresentam sonolência excessiva durante o dia, deficiências cognitivas, aumento do risco de doenças cardiovasculares, aumento do ganho de peso, aumento do risco de acidentes de trânsito e trabalho e consequentemente a perda da qualidade de vida.
Qualquer pessoa pode desenvolver apneia obstrutiva do sono, embora ela seja mais comum em homens, indivíduos com mais de 50 anos, mulheres após a menopausa, obesos ou fumantes.
Se você ronca muito, acorda subitamente durante a noite com sensação de estar engasgado e sente-se muito sonolento durante o dia, existe uma grande chance de estar sendo acometido pela síndrome da apneia obstrutiva do sono, continue lendo esse artigo e saiba mais a respeito.
- O que é apneia do sono
- Como acontece a apneia
- Qual a relação entre ronco e apneia
- Fatores de risco para desenvolver a apneia do sono
- Sintomas da apneia
- Complicações causadas pela apneia
- Diagnóstico da apneia
- Tratamento da apneia
O que é a apneia do sono:
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio do sono provocado por frequentes obstruções, parciais ou completas, das vias respiratórias durante o sono, o que leva a episódios, repetidos e temporários, de interrupção da respiração enquanto a pessoa dorme.
Na respiração, o ar se move pela faringe (“garganta”) entrando e saindo dos pulmões em um ritmo regular. Durante o sono ocorre o relaxamento da musculatura respiratória, que na maioria das pessoas é leve, não sendo intenso o suficiente para causar obstrução do fluxo aéreo, no entanto, em uma pessoa com apneia do sono, o movimento do ar é periodicamente diminuído ou interrompido.
A apneia ocorre quando os músculos das vias respiratórias superiores (faringe, palato, língua) relaxam durante o sono, fazendo com que os tecidos moles na parte de trás da garganta colapsem (fechem), bloqueando a passagem do ar em direção aos pulmões (veja a ilustração abaixo).
Como acontece a apneia do sono:
- Com o bloqueio da entrada de ar, diminui os níveis de oxigênio e aumenta o gás carbônico no sangue.
Devido a alteração da concentração de oxigênio e gás carbônico, o sono é interrompido por um pequeno despertar, ocorrendo a contração dos músculos das vias aéreas superiores abrindo espaço para a entrada do ar.
- Uma vez que a via aérea esteja aberta, a pessoa respira fundo várias vezes para recuperar o ritmo da respiração.
- Devido a esse pequeno despertar, a pessoa pode se mover, bufar, roncar e respirar profundamente.
- Ocasionalmente, uma pessoa pode despertar com uma sensação ofegante ou sufocante. Se a pessoa voltar a dormir rapidamente, ela não se lembrará do evento.
O resultado da apneia do sono é um padrão de sono fragmentado, não restaurador, que muitas vezes resulta em sonolência excessiva durante o dia. Muitas pessoas não desconfiam que a causa do seu sono excessivo seja o fato de dormirem mal, já que elas não se lembram de acordar várias vezes durante a noite.
Qual a relação entre ronco e apneia:
A apneia é caracterizada por repetitivas obstruções das vias aéreas durante o sono, que geram dificuldade para respirar, limitando ou impedindo a passagem do ar até os pulmões. O ronco, por sua vez, é caracterizado pela vibração das vias aéreas, como nariz e garganta, ele ocorre pela dificuldade da passagem de ar no ato da respiração, mas não ocorre o bloqueio da passagem do ar. É por isso que quem tem apneia, ronca, porém, o contrário não necessariamente acontece, ou seja, nem todo mundo que ronca tem apneia. O ronco, apesar de bastante incomodo para quem está dormindo ao lado, não causa grandes malefícios a saúde como acontece na apneia. No entanto, o ronco é um sinal de alerta para se investigar melhor o sono, já que é um dos sintomas da apneia.
Fatores de risco para desenvolver a apneia do sono:
Estima-se que cerca de 20 a 30% da população adulta masculina e 10 a 15% da população adulta feminina sofram desse mal. Os principais fatores de risco que podem favorecer o quadro de apneia do sono são:
- Obesidade – provavelmente o fator de risco mais importante é excesso de peso. Apenas 10% dos homens com IMC normal, têm apneia, enquanto entre os homens com IMC maior que 30 kg/m² essa taxa é superior a 60%.
- Gênero – a apneia do sono é 2 a 3 vezes mais comum em homens do que em mulheres porém, a partir da menopausa, essa diferença reduz-se bastante.
- Idade – a apneia do sono pode acontecer e adultos e crianças, mas fica mais comum conforme envelhecemos. A partir dos 50 anos, ela se torna mais prevalente.
- Anormalidades anatômicas – alterações nos ossos do crânio, principalmente mandíbula (queixo) retruída (para trás) ou maxila estreita;
- Hipertrofia das amígdalas; hipertrofia das adenoides; desvio de septo, pólipos nasais.
- Língua, amigdalas e úvula grandes;
- Pescoço com grande circunferência (homens: > 42,5 cm e mulheres: > 37,5 cm);
- Álcool – O consumo de álcool aumenta o relaxamento da musculatura da faringe durante o sono, favorecendo o aparecimento da obstrução das vias aéreas.
- Dormir de barriga para cima – a posição que mais favorece a obstrução das vias áreas é a chamada posição supina, que é a posição de barriga para cima. Desta forma, além do colapso da musculatura da faringe, há também grande risco de queda da língua em direção à garganta.
- Ser portador de síndromes genéticas com deformidades craniofaciais evidentes.
Sintomas da apneia do sono:
- Sonolência diurna;
- Ronco, muitas vezes percebido pelo (a) companheiro (a);
- Sono agitado;
- Despertar subitamente com uma sensação de asfixia, engasgo ou sufocamento;
- Despertar frequentemente com a boca seca ou com dor na garganta;
- Acordar frequentemente para urinar durante a madrugada;
- Pesadelos frequentes;
- Mau humor ou irritabilidade frequentes;
- Falta de concentração;
- Lapsos de memória;
- Dor de cabeça matinal;
- Diminuição da libido ou impotência;
- Hipertensão de difícil controle;
- Alterações metabólicas nos níveis de glicose, colesterol, triglicerídeos e da função da glândula tireoide.
Complicações causadas pela apneia do sono:
Acidentes – Pacientes com apneia obstrutiva do sono apresentam um maior risco de acidentes de trabalho e um risco três vezes maior de se envolver em acidentes de trânsito.
Doenças cardiovasculares – Tem risco aumentado de desenvolver complicações cardiovasculares, incluindo hipertensão arterial, hipertensão pulmonar, doença coronariana, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca e AVC.
Diabetes e síndrome metabólica – Pacientes com apneia obstrutiva do sono apresentam uma maior prevalência de pré-diabetes, diabetes e síndrome metabólica.
Depressão – Estudos mostram que os pacientes com SAOS apresentam uma incidência, aproximadamente, duas vezes maior de depressão do que o resto da população.
Risco de morte – Devido a todas condições e alterações de saúde apresentadas acima, quando não controlada, a apneia do sono pode levar a morte.
Diagnóstico da apneia do sono:
O diagnóstico é baseado na história clínica, no exame físico e no exame de polissonografia que, geralmente, é realizado em um laboratório do sono.
A polissonografia é um exame não invasivo, no qual o paciente dorme enquanto é feito um registro completo da atividade do organismo, incluindo a atividade elétrica cerebral, ritmo respiratório e cardíaco, estágios do sono, tônus muscular, movimentos oculares e taxa de oxigenação do sangue.
A polissonografia é um exame muito importante para ajudar no diagnóstico e avaliação da gravidade da apneia.
Tratamento da apneia do sono:
O tratamento da apneia visa acabar ou amenizar os episódios de redução ou parada da respiração durante o sono, e consequentemente, melhorar a saturação de oxigênio no sangue. Veja a seguir as opções de tratamento da apneia:
- Mudanças no estilo de vida: nos casos leves, apenas medidas simples de mudanças no estilo de vida podem ser efetivas.
- CPAP: para casos moderados e graves
- Aparelhos intraorais: para casos leves e moderados.
- Cirurgia
1. Mudanças de estilo de vida
- Perda de peso, caso o paciente tenha uma IMC acima de 25 kg/m².
- Prática de exercício físico regularmente.
- Diminuir o consumo de bebidas alcoólicas (principalmente a noite) e suspender o cigarro são essenciais.
- Evitar dormir de barriga para cima pode ajudar a reduzir o número de eventos de apneia durante o sono.
2. CPAP
O CPAP é uma sigla em inglês que significa Continuous Positive Airway Pressure (pressão positiva contínua nas vias aéreas).
O CPAP é uma máquina ventilatória que fornece ar sob pressão através de uma máscara que deve ser acoplada ao paciente antes de dormir. O CPAP reduz o número de eventos respiratórios à noite, reduz a sonolência diurna e melhora a qualidade de vida do paciente.
Embora o CPAP seja o método mais bem sucedido e mais comumente utilizado para o tratamento de apneia obstrutiva do sono, algumas pessoas acham que a máscara é desconfortável ou máquina barulhenta. Algumas pessoas acabam não se adaptando bem ao uso desse aparelho.
3. Aparelhos Intraorais
Para os pacientes com apneia leve ou moderada e para os que não toleram ou não querem tratamento com CPAP, o aparelho intraoral é uma importante alternativa por se tratar de um aparelho mais confortável e melhor aceito pelos pacientes.
- O aparelho intraoral reposiciona a mandíbula mais a frente,
- A mudança da posição da mandíbula, e consequentemente os tecidos moles da base da língua e parte da faringe, criando assim um espaço e aliviando a obstrução das vias aéreas reduzindo a apneia
- A pressão positiva de vias aéreas é geralmente mais eficaz, mas a maioria dos pacientes acabam se adaptando melhor com aparelho oral.
- Como a adesão ao tratamento é um aspecto essencial de sucesso, o uso de aparelhos orais se torna um grande aliado no tratamento da apneia.
4. Cirurgia
A cirurgia pode ser indicada para correção de alterações anatômicas, sendo reservada para casos específicos e após uma avaliação cuidadosa.
Os procedimentos cirúrgicos remodelam estruturas nas vias aéreas superiores ou reposicionam cirurgicamente ossos ou tecidos moles.
- Os tipos de cirurgia mais comuns são: Cirurgia Nasal, Uvulopalatofaringoplastia e Avanço Maxilomandibular.
- Todos os tratamentos cirúrgicos exigem discussões sobre os objetivos do tratamento, os resultados esperados e as possíveis complicações.
A apneia do sono é uma condição muito séria que causa vários problemas de saúde, inclusive risco de morte. Se você ou seu (sua) companheiro (a) apresenta alguns dos sintomas mencionados, procure um profissional capacitado na área de sono para investigar sobre as condições do seu sono. O dentista capacitado na área de sono é um dos profissionais que podem te ajudar a ter mais saúde e qualidade de vida!